Eu, consumidor, me confesso
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Eu, consumidor, me confesso

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Eu, consumidor, confesso-me relutantemente: odeio as compras. Mesmo pensar que tenho de ir a um supermercado ou, ainda pior, a um centro comercial suscita em mim um profundo sentimento de repugnância. Nos espaços comerciais irrita-me tudo, desde a musiquinha genérica, através do ar-condicionado e cheiros supostamente agradáveis, até a luz tão artificial e forte. Portanto, qualquer vendedor que se acerca de mim corre o risco de ouvir-me dizer grosseiramente: “Estou só a olhar”. Convém acrescentar que não é a única estratégia dos empregados das lojas, muito chatas são também as frases tipo: “Já tem o nosso cartão?” ou “Recomendo estas fenomenais cremas hidratantes que estão em promoção”. Diga-se de passagem, parece-me que isto exaspera ainda mais os vendedores mesmos.

Outro fator que diminui até zero o prazer de comprar é a minha avareza. Gastar quantidades significativas de dinheiro provoca ansiedade em mim, porque me pergunto o que é que acontecerá se eu desperdiçar todas as minhas poupanças. Obviamente, embora nunca estivesse nessa circunstância nem de longe, não consigo deixar de reflexionar sobre esta questão. De todas formas, a relação preço-qualidade tem uma importância particular para mim.

Porém, paradoxalmente, sinto bastante satisfação tendo uma coisa nova, principalmente, um livro ou uma peça de roupa. Por isso, aproximadamente três vezes por ano forço-me a percorrer várias lojas de grandes armazéns ou, com mais entusiasmo e um pouco de receio, adquiro os produtos online. Enquanto a compra de livros, inclusive físicos, parece-me bastante segura, custa-me encomendar roupa ou sapatos por internet. E se forem demasiado grandes ou pequenos? E se não me ficarem bem? No entanto, já que, teoreticamente, os artigos sempre se podem devolver, isto representa uma alternativa ideal a uma visita a um centro comercial.

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