A personagem do peixe no conto "A fada Oriana"
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A personagem do peixe no conto "A fada Oriana"

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Pelo meu primeiro post em português, decidi escrever sobre a personagem do peixe em "A Fada Oriana".

"A Fada Oriana", o breve romance para crianças de Sophia de Mello Breyner Andresen, foi tambem o primeiro livro que li em português. Foi-me aconselhada pelos meus amigos que disseram que todos os portugueses conhecem este livro, pois leem-no na escola. Costumava achar que os livros para crianças não eram o melhor modo para praticar uma língua, porque não são muito interessantes para adultos e a linguagem deles habitualmente é diferente da linguagem normal que se usa no cotidiano, cheia de expressões infantis e diminutivos.

Então, fui cética, mas fiquei agradavelmente surpresa. Sobretudo, o livro encantou-me com o seu carácter subtilmente poético. Muitas cenas do livro estão gravadas na minha memória, como a conversa da fada com as andorinhas que a desdenham porque não usa as suas asas para visitar outros países ("Tu não mereces ter asas", julgaram), a conversa da fada com as coisas sofrentes na casa do homem muito rico, a amizade com o poeta e outras. Mas a personagem de que gostei mais foi o peixe.

O peixe é elegante e sedutor. É o "vilão" do conto, porque desvia a fada e sob a influência dele Oriana esquece-se dos animais e dos homens de quem cuidava, ignorando a sua responsabilidade. O peixe cobre Oriana de elogios, todos associados à aparência dela, mas por vezes misturados com uma crítica. A fada quer ficar perfeita aos olhos do peixe, então passa o seu tempo à beira do rio, ensaiando novos penteados e adornando-se com flores e pérolas. Por fim, isso traz sobre ela a punição da rainha das fadas e Oriana perde as suas asas e a sua varinha mágica. Quando Oriana precisa da ajuda do peixe, ele desaparece. Torna-se um covarde e um falso amigo, só presente nos bons momentos.

A moral do conto é simples: a beleza verdadeira e duradoura é a beleza interior, além disso, a nossa autoestima nunca deveria depender dos elogios dos outros (e as promessas têm de ser cumpridas). Mas que alegria observar um peixe elegante que se despede "com muitas mesuras" e se vangloria da fada apaixonada por ele!

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