Antes de continuar a tentar descrever esse assunto e falar sobre o efeito na minha própria vida, quero dizer que tentarei evitar o viés de confirmação. Sei que a gente, inclusive eu, tem tendência a se aproximar daquilo que reforça o que a gente acredita e se afastar de tudo o que se apresenta como contrário. É claro que tenho experiências em que pude evitar os extremos da perfeição, mas estou tentando contar com clareza as minhas experiências mais comuns. Mas se eu recontar as minhas experiências honestamente, o perfeccionismo com frequência é como aqueles vizinhos curiosos que estão sempre de olho no que está acontecendo e querem saber o que está se passando na vida dos outros... eles quase nunca dormem. Sempre vale lembrar que hábitos -- não importa o quão imutáveis ou entranhados -- talvez possam ser mudados com sorte e esforço.
Já se passou algum tempo desde que tive a experiência de não “encontrar” perfeccionismo durante um dia. Eu o considero um amigão e às vezes como um sujeitinho qualquer que bate na minha porta. Até agora, infelizmente, não descobri o segredo que pode mandá-lo embora. Vou deixar as brincadeiras para lá e dizer que esse padrão na minha vida não surgiu agora; pelo contrário: tenho memórias de infância que indicam que estava presente naquela altura. Além disso, recentemente quando estava a pensar na minha mãe, notei como ela é meticulosa e sempre foi. Então acho que estou mais apegado à mãe que ao pai nesse caso -- filho de peixe, peixe é.
Por que menciono isso? Quando penso na melhor abordagem para tratar e superar (espero) pessoalmente o perfeccionismo, me pergunto frequentemente se é um hábito ou um traço de personalidade que era reforçado pela educação, formação e pelas condições sociais. Vou deixar nesses pontos de lado por agora e voltar diretamente ao assunto em questão.
Da minha perspectiva, tem três categorias de perfeccionismo:
- Perfeccionismo auto-orientado, no qual os indivíduos impõem altos padrões a si mesmos;
2. Perfeccionismo prescrito socialmente, onde os indivíduos sentem que os outros esperam que sejam perfeitos;
3. Orientado para o outro, no qual os indivíduos colocam altos padrões nos outros.
O perfeccionismo auto-orientado é o tipo mais apresentado acima, principalmente porque é o tipo que me foi mais óbvio por um longo período. Esse tipo de perfeccionismo é problemático porque pode levar à obsessão, ineficiência, e a uma infinidade de questões sérias que afetam o desempenho e o moral. Você sempre vai ver essa pessoa procrastinar porque ela tem medo de falhar antes de começar. Como alternativa, ao trabalhar em grupo, essa pessoa pode se posicionar como mártir, "a única" que se importa / pensa / trabalha o suficiente para fazer as coisas. Tem outro detalhe que representa número 1 com 2, que é resultado que vou saltar até ao próximo parágrafo.
Sob o peso do perfeccionismo prescrito socialmente, muitas vezes não demora muito tempo para uma pessoa ficar esmagada sob a pressão de expectativas irreais. É difícil pedir ajuda quando você acredita que será interpretado como um sinal de fraqueza, incompetência ou não é permitido devido à sua posição na sociedade em que você vive. Isso é muito mais sutil do que o martírio mencionado no último parágrafo, porque, na minha opinião, não é resultado de prepotência. Pode ser percebido pela pessoa como um mecanismo necessário para garantir a sobrevivência, tanto prática quanto metaforicamente.
O perfeccionismo orientado para os outros pode ser o pior de todos. Pessoas inocentes que têm um ou mais desses tipos de perfeccionismo no meio tendem a enfrentar falta de empatia e perdão quando cometem erros, reais ou imaginados. Em nossa era moderna atual, esse é o tipo de perfeccionismo desculpado a que se faz vista grossa entre alguns magnatas, empresários e aqueles que são vistos como inovadores, apesar da arrogância deles, e das "situações de pesadelo" que ocorrem para os outros.
Não tenho certeza de que exista uma abordagem equilibrada do perfeccionismo. Tendo lidado com meu próprio perfeccionismo, experimentei em primeira mão essa inflexibilidade e, às vezes, a natureza implacável dele.
O que se pode fazer para superar o perfeccionismo? Não sei exatamente, mas tenho algumas ideias para praticar:
1. Cultive a atenção plena, perguntando-se se o seu desconforto com um resultado estão realmente enraizados no seu perfeccionismo;
2. Pratique aceitar a imperfeição - em você e nos outros;
3. Reconheça o esforço - da sua parte, da parte e da parte de outras pessoas;
4. Acostume-se a processos iterativos; quase sempre há chance de melhorar seu trabalho. Melhorar é uma meta razoável, enquanto o perfeccionismo é eternamente inatingível;
5. Convide feedback. Se a perspectiva de crítica, embora construtiva, o aterrorizar - tente encontrar maneiras de receber feedback; construtivo regularmente, para que você possa se acostumar a ouvi-lo sem se sentir julgado;
6. E por último e mais importante, recompense o processo e o esforço, não o talento ou o produto.
Mudar o foco para o esforço talvez ilumine a chave oculta do domínio.