Meu trajeto para o Brasil
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Meu trajeto para o Brasil

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Quando eu comecei aprender português, foi apenas falando um tipo "portunhol" de sobrevivência com brasileiros. Isso foi quando morava no Japão, e eu era o único professor multilingüe de inglês, japonês e espanhol na escola inteira. Tinha muitos estudantes brasileiros nessa escola, e não tinha um professor multilingüe que assistisse todos os dias. Por isso, eu me tornei tradutor de "emergência", quem traduzia quando era absolutamente necessário comunicar com um estudante brasileiro. Com as semelhanças entre o português e o espanhol, eu conseguia certa comunicação entre os outros professores e os alunos, porém sempre sabia que não era o suficiente para expressar bem o que ambos queriam falar. Depois de um ano trabalhando no Japão, eu decidi voltar para os Estados Unidos, e foi lá que eu comecei fazer mestrado em literatura brasileira, tudo em português.

As interações com brasileiros e japoneses inspiraram uma curiosidade em mim; minha família é boliviana, e o único que eu sabia do Brasil era que 1. faz fronteira com Bolívia, e 2. se fala português em Brasil. Queria saber mais, e achei que o melhor jeito (o talvez o jeito mais fácil) seria por meio dos estudos culturais e literarios. O mestrado em si durou dois anos, e durante esse tempo, eu consegui um nivel considerávelmente alto de português. Todavia, não tinha visitado Brasil nem uma vez. Ja estava planejando uma visita para celebrar minha formatura, quando aconteceu a pandemia global. Com certeza ia ter que atrasar a viagem. Durante aquele tempo, acabei o mestrado e decidi me candidatar para fazer doutorado em linguística. Então depois de me formar mudei de universidades. Até publiquei um artigo acadêmico em Brasil e recibi a certificação de C1 de português falado. Tudo isso sem nunca ter ido para o Brasil.

Mais que eu falava com brasileiros, mais eu percebia o limite de fazer estudos acadêmicos para me aproximar à cultura. Quando interagia com elementos de cultura popular (música, TV, desenhos animados...), notava certa falta de entendimento às referências e gírias na fala. Era como se tivesse vivido uma vida inteira em uma torre, simplesmente observando enquanto o mundo passava lá em baixo. Ja decidi que foi suficiente, eu tinha que chegar no Brasil de qualquer forma que eu puder. Senti que nunca ia me sentir confortável falando e usando o português se eu não ia para o Brasil pelo menos uma vez na minha vida. Pois, busquei bolsa, programas de estudo para o verão, qualquer excusa que podia para ir lá, ja que as restrições disminuir despois de uns anos. E por fin, ganhei uma chance para passar seis semanas em São Paulo... (continua...)

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