Meditação ativa
Meditação é um tópico que gosto de falar bastante e, sobretudo, de praticar. Neste post, espero mostrar-lhe como medito diariamente e como você pode fazer o mesmo em questão num piscar de olhos.
Quando alguém pensa em meditação, o primeiro cenário que vem-lhe à cabeça é uma pessoa sentada na posição de lotus, com uma mão em cima da outra, os dedões tocando-se levemente, simbolizando a conexão do corpo com o universo. A pessoa do cenário está com os olhos fechados e o corpo imóvel, colocando toda sua atenção em sua respiração (ar entra... ar sai... entra gelado... sai quente...) e observando os pensamentos (“não estou pensando” ... “consegui ficar bastante tempo sem pensar” ... “como minhas costas doem”) aleatórios, banais e desnecessários para aquele momento. Depois de algum tempo de observação da respiração e dos pensamentos, a pessoa passa a observar outras coisas: partes do seu corpo (sente a posição das mãos; como as pernas estão ajeitadas; as roupas tocando a pele); formigamento em diversas áreas do corpo (“minhas costas estão formigando! Quero parar com isso”); desconforto; sons do ambiente (“aquele cachorro não fica quieto! “); temperatura corporal (“minha mão está suando um pouco...”). Porém a pessoa não para por conta dessas observações, ela continua e continua. Quando sente que já meditou o suficiente, levanta-se, sentindo a sensação mais maravilhosa do universo, uma sensação inexprimível. A visão que essa pessoa tinha do mundo antes de se sentar e meditar mudou completamente: tudo é mais belo, vivo e colorido; como se ela tivesse renascido. Isso é, em suma, meditar: a pessoa senta, observa si mesma, o mundo interior e exterior.
Creio que muitas pessoas conhecem esse cenário que acabei de descrever. Nele há um problema. Um enorme problema. A sensação indescritível dura poucos minutos. Assim que se desvia a atenção para outra atividade, esta sensação começa a diminuir aos poucos. Em menos de 10 minutos, ela some completamente. Desapareceu e não volta mais, exceto na próxima meditação. Há uma maneira simples de continuar com a sensação de prazer indescritível por quanto tempo você quiser.
Para meditar constantemente — e sempre que você quiser —, usufruindo do momento atual (o Presente) e de tudo o que ele tem a lhe dar, aprecie tudo o que você vê, sente, pensa, escuta, presencia, vive; ou seja, tudo o que o mento presente pode proporcionar a você. É mais fácil do que parece. Você não precisa descrever o mundo a sua volta, pensar sobre ele, precisa apenas apreciá-lo com ele é. Simples assim. Digo mais uma vez, para que você possa internalizar o conceito chave, apreciá-lo como ele é... como ele é. Ao ver uma paisagem bonita, aprecie-a como ela é. É bela? Note isso, mas não discuta na sua cabeça que é bela, o segredo é apreciar, “contemplar”, a paisagem como é. É natural tentar melhorar o momento, porém, quando fazemos isso, estamos saindo do momento atual. Daí passamos a ver o momento como nós o interpretamos e não como ele de fato é. Se alguma parte do seu corpo dói, sinta a dor. Não se preocupe com a intensidade; pelo contrário, aprecie a intensidade, veja como muda com o tempo. Preste atenção nos seus pensamentos. Há pausas entre um pensamento e outro, durante os quais você pode apreciar o silencio mental e o que está acontecendo ao seu redor. Ao fazê-lo, não pense nas pausas, só as observe: ora são curtas; ora longas. Enquanto estiver fazendo exercícios físicos preste atenção no seu corpo, sinta-o por completo, tendo consciência de cada parte. O segredo é se entregar ao memento atual e aproveitar tudo. No início, pode ser que você se sinta bastante desatento, mas basta continuar que se acostuma com esse novo estilo de vida. E você não precisa fazer toda hora, pois pode ser cansativo, mas tente se lembrar ao máximo de fazê-lo.
Isto é o que eu chamo de meditação ativa. Você pode aplicar o que descrevi em qualquer situação e a qualquer momento. Sinta-se livre para explorar os pormenores da sua vida. Aproveite cada segundo, pois tudo é belo e nada se repete. Por exemplo, se você olhar para uma arvore com as folhas se mexendo, notará que não há um padrão no movimento das folhas; sempre haverá algo de diferente — a natureza nunca é igual quando se olha atentamente. Nós passamos a maior parte do nosso dia pensando no passado e antecipando o futuro, mas em poucos momentos apreciamos o momento presente.
Bem, é isso por hoje. Nos próximos posts, pretendo abordar técnicas para melhorar a meditação ativa.
(Sou nativo e cometo erros como qualquer outro. Caso encontre algum erro, sinta-se livre para apontá-lo. E se alguma parte do texto ficou confusa, sinta-se livre para sugerir outra forma que eu possa me expressar. A escrita se desenvolve todos os dias a cada palavra.)
ótimo texto!